Comunicação

Comunicamos mesmo sem perceber ou querer; até quando a interpretação do que passamos ou recebemos não é precisa. Comunica-se falando, gritando, silenciando, gesticulando, escrevendo, pintando, cantando, lecionando, hesitando, errando etc.; mesmo com mentiras, omissões e más intenções; mesmo com alguma limitação de visão, fala ou audição. Daí a importância da comunicação e seu poder. Daí ser importante que as pessoas se capacitem para fazer leitura crítica: habilidade de perceber se o que leu, viu ou ouviu é uma mensagem clara ou manipulada por interesses de terceiros.

TV, jornal, rádio, internet etc. não são ou não deveriam ser os únicos, maiores e mais importantes meios de comunicação. Eles fazem comunicação impessoal, que é bastante útil quando há cuidados para não se deixar massificar (perder a individualidade, não ter projetos e opiniões próprias, ser “apenas mais um” e “Maria vai com as outras”).

Anterior, paralela e apesar da mídia, a comunicação interpessoal (colóquio, bate-papo, pessoa a pessoa) tem a indispensável vantagem de estar permanentemente disponível aos interessados.

Saber comunicar-se é ferramenta absolutamente indispensável para quem quer vencer no mercado de trabalho (e em tudo) e não é definitivo, nem possível, aprendê-la somente em escolas, faculdades, atrás de microfones, teclados etc. É imperativo não ficar só na adoção de conhecimentos, práticas ou receitas prontas e sim desenvolver a capacidade de identificar suas dificuldades e limitações, viabilizar soluções e inserir-se efetivamente no meio em que vive; as qualificações também devem ser identificadas, expostas adequadamente e desafiadas permanentemente, para a ampliação do seu potencial.

Aprende-se de duas maneiras: observando o meio no qual se vive e pelas informações recebidas de outras pessoas e pelos meios de comunicação. Então, isto é realizável quanto mais a pessoa perceba que todos são emissores e receptores permanentes; e sabe se aproveitar do inesgotável aprendizado que a comunicação oferece.

A princípio, quanto mais elevado o nível social, econômico e cultural da pessoa:

Um mesmo assunto tem abordagem mais interpretativa, sob vários pontos de vista e com mais alternativas; os comentários são mais organizados; têm amplitude de conhecimentos, conceitos, vocabulário e lógica; vêem melhor a realidade da coletividade; são mais sensíveis a padrões abstratos (arte, por exemplo); o uso do tempo é constante, tem programação de longo prazo e evolução; o raciocínio é mais ágil e eficiente.

E quanto mais baixo o nível geral:

Um assunto tem abordagem mais descritiva do que interpretativa e sob um só ponto de vista; comentários carecem de conexão e teor; conhecimentos, conceitos, vocabulário e lógica são menores, poucos ou mais frágeis; custam a ver a realidade da comunidade, têm dificuldade para não falar só de si e para inserir-se na coletividade; o uso do tempo é irregular, eventual, sem visão de longo prazo, planejamento e evolução; o raciocínio, mesmo se ágil, perde em eficiência, pois, costuma ser pouco utilizado e carecer de informações.

Ser mais preparado no geral não faz ninguém melhor que outro e nem é garantia de sucesso. Em todos os níveis existem variáveis e inversões, sendo o próprio indivíduo o agente capaz de fazer acontecer.

Quem não é angariador constante de conhecimentos, com critérios coerentes, e sabe como se valer deles, não sabe se comunicar e tem muitos momentos de papagaio: fala, mas, nem sempre sabe o que. É inevitável fator de limitação pessoal e profissional: no permanente processo de seleção entre pessoas e grupos, o resultado é diretamente proporcional…

Equação fantástica: conhecimento é riqueza que quanto mais se tem, mais aumenta; quando se dá, aumenta ainda mais.

O conhecimento é dependente da comunicação.

José Carlos de Oliveira

Publicado originalmente em 10 de julho de 2004

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