Emprego e trabalho

Segundo o Dicionário Aurélio,  Emprego  é cargo, função, ocupação em serviço particular, público etc.; colocação. Lugar onde se exerce emprego. Trabalho  é aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim. Atividade coordenada, de caráter físico e/ou intelectual, necessária a realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento. Tarefa para ser transmitida.

Pessoas perderam ou perderão os seus empregos por terem fugido da obrigação de trabalhar. Se você conhece alguém que tem o privilégio de estar empregado, sem precisar trabalhar, saiba que isso é exceção e exemplo a não seguir. Quem garante que no seu emprego atual ou futuro isso dará certo?

Tem-se um emprego de chacareiro, por exemplo. O trabalho é cuidar da roça, horta, jardim, grama, vaca, galinhas, da cerca e da casa, atender visitantes etc. Em troca do trabalho virá o salário e demais vantagens. Se o patrão notar que a grama cresceu, a cerca caiu e o leite foi perdido, certamente dará o “olho da rua” para o chacareiro, afinal, ele aceitou o emprego – salário, casa, comida, registro, férias etc – mas fugiu do trabalho.

Acredite se puder e quiser: com variações conforme a área, notadamente entre as mais básicas, parcela dos desempregados, do momento em que são convidados a participar de processo seletivo até, no máximo, por volta do sétimo dia exercendo um emprego, desistirá. Geralmente, abandonam sem dar nenhuma satisfação, ou, alegam motivos inaceitáveis ​​e até ridículos; ou, são dispensados ​​por falta de qualidade, empenho ou seriedade. Na verdade, poucos completarão ao menos um ano no mesmo emprego. Claro, temos patrões que exploram empregados: alguns, sem má fé e que podem se reciclar e corrigir; outros, mau intencionados mesmo. E temos casos de patrão/empresa e empregado corretos que não se completam, não interagem.

Impera a tola mentalidade de que trabalho é coisa para pobre ou fracassado; ou é uma coisa chata, desagradável e inevitável, da qual se passa a vida a fugir: “enrola-se durante o expediente”, enquanto espera-se a hora do almoço, final do dia ou da semana, feriado, férias, aposentadoria… Milhões têm pouca ou nenhuma visão, vontade e coragem de investir no trabalho como meio de viabilizar não só a sobrevivência, mas, também o aperfeiçoamento e satisfação pessoal, ou seja: é o que propicia concretizar parte dos desejos e necessidades, inclusive viagens e diversões em geral.

Goste você ou não, é e será cada vez menor o número de empregos “tradicionais”, por causa de economia instável e também da estável. A primeira, quanto mais estagnada, menos contrata e mais demite. A segunda, conforme avança, menos precisa de pessoal com qualificação excelente, porém, encontrada em muitos outros profissionais; e procura os mais que excelentes: os com um diferencial que os torne únicos ou raros. Este diferencial passa pela capacidade de ser um excepcional empregado ou autônomo, empresário, profissional liberal; conforme características, pretensões de cada um e oportunidades surgidas e criadas. Nesse contexto, o registro em carteira torna-se relativamente secundário.

Querer trabalhar não garante emprego e não dispensa outros requisitos fundamentais. Muitos desempregados e empregados se revelam iguais a qualquer um quando procuram e se limitam a emprego. Outros encaram o trabalho e vão além, são diferenciados: mais que procurar, são procurados…

José Carlos de Oliveira

Publicado originalmente em 27 de abril de 2005

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