O que é MESC?

Habitualmente chamamos o MESC de ministro da Eucaristia e ao ministro ordenado da Eucaristia chamamos padre, sacerdote, ministro ordenado ou presbítero.

O ministro ordenado da Eucaristia, com o devido preparo anterior e permanente, age “in persona Christi” (*). O ministro ordinário ou ordenado é o padre: ele pode consagrar. O diácono é o ministro ordinário da comunhão eucarística, mas, não é ministro da Eucaristia. Ministros extraordinários da Eucaristia são os coroinhas, acólitos e MESC, que, como extraordinários, têm funções específicas e não cumulativas, somente em caso de suplência.

Os ministros ordenados realizam os serviços ministeriais litúrgicos. A Igreja instituiu diversos ministérios leigos para atender a necessidade das comunidades maiores ou muitas vezes distantes e desprovidas de padres ou diáconos (**), ou, com número reduzido deles. Ministérios leigos, reiterando, exercem suas funções extraordinariamente.

O padre ou presbítero é o ministro ordinário (sacramento da Ordem). O MESC é o ministro extraordinário da Sagrada Comunhão (para o serviço, onde, se, quando e enquanto necessário).

O MESC resulta do Concílio Vaticano II. Desde então, cada diocese pode optar por tê-los ou não. Em Curitiba, é uma das pastorais (seria possivelmente mais adequado dizer movimento) mais desenvolvidas e organizadas, tendo sido fundamentais para a sua consolidação o arcebispo emérito de Curitiba, Dom Pedro Fedalto, e o padre Humberto Geller.

Há a CAM – coordenação arquidiocesana de MESC, a coordenação setorial, a coordenação paroquial e a coordenação de comunidade (capela). Os coordenadores são (ou deveriam/poderiam ser) escolhidos pelos próprios MESC, com aprovação do pároco, ou, antes, sua indicação.

Há série de reuniões ou encontros que, mesmo com propósito administrativo, jamais prescindem de oferecer oração e formação. As da CAM são mensais, as setoriais variam conforme o setor e são prioritariamente para formação; as paroquiais e das comunidades variam conforme a realidade de cada lugar. Há as adorações ao Santíssimo Sacramento, vigílias, Corpus Crhisti.

Formadores de MESC

Há a ECFM – equipe de capacitação e formação de MESC da arquidiocese: alguns MESC que permanecem vinculados às suas paróquias, porém, notados e convidados pela sua adequação, e sob constante aprimoramento, estão presentes nos diversos setores a realizar o curso de formação inicial, com o conteúdo a partir do que é ser MESC, eclesiologia, bíblia, documentos da Igreja, sacramentos, cristologia, liturgia da missa, atendimento aos enfermos e idosos, celebração da Palavra, culto e exéquias; com exercícios práticos conforme cada realidade e interação com os já atuantes e a comunidade. Em todos os encontros está contido um tema ao qual todos os temas convergem: missão. Após: retiro eucarístico e daí a investidura. MESC formadores contribuem também com a formação permanente para os MESC já a serviço, aprofundando os assuntos da formação inicial e acrescentando outros, conforme necessidades de cada setor, em consonância com os respectivos padres; e são disponíveis a dar formação para outros leigos, se convidados e se for oportuno. Alguns dos formadores de MESC podem ser pregadores em retiros, porém, colocam-se como última opção: a primeira é um clérigo.

Quem convida para ser MESC?

O pároco. Ele pode fazer consultas a MESC e outros paroquianos de sua confiança. Alguém pode pedir para ser e é possível que o faça com boa vontade e humildade; no entanto, ideal é que a pessoa seja notada – por outras e pelo pároco – como potencial candidata. É o pároco quem desconvida: se entender que aquele leigo não é mais adequado ao Ministério, precisa renovar-se ou servir de outra maneira.

Quem convidar para ser MESC?

Paroquianos com ‘presença’ efetiva na paróquia: regular na missa e em todo cotidiano litúrgico e pastoral – como tais, com sacramentos recebidos, compreendidos e vividos informados em comunidade, família e demais atividades. Que possuam características e habilidades – inclusive, maturidade emocional – que pode ser desenvolvida e orientada para serviços que consistem em:

Ser auxiliar do padre nos atos litúrgicos. Levar a Sagrada Comunhão aos enfermos a domicílio, hospitais, asilos etc (que, com a adoração, constitui os dois carismas maiores do MESC). Ser animador da comunidade – via sacras, novenas, procissões, terço etc. Ser um agente formador evangelizador da comunidade. Colaborar com a equipe de liturgia nas reuniões e nas ações litúrgicas. Conduzir a celebração da Palavra, quando da falta do padre ou de diácono. Exercer outras atividades pastorais – cursos de noivos, batismo, crisma etc, celebração cristã da esperança (exéquias). Participar ativamente da procissão de Corpus Christi. Estar integrado na coordenação arquidiocesana e ao seu setor (conjunto de paróquias de uma dada região). Poderia ser o ministro do batismo e assistir matrimônio (expressamente autorizado pelo bispo, e preparado, quando da falta inevitável de clérigo).

Como se vê, o ministério do MESC exige muita preparação, atitude e constante – constantemente. Quanto à oração, como dizia São Vicente Pallotti, “ninguém ama a quem não conhece”: como ser íntimo de Nossa Senhora, de outro santo, de Deus, não orando / conversando habitual e amorosamente com eles? Quanto à formação, ninguém oferece o que não tem: como ter propriedade / fidelidade / adequação no que se pensa / fala / faz, não participando amorosamente das atividades formativas, não conhecendo a doutrina e documentos da Igreja, não sendo um leitor e estudioso habitual e sendo desinformado e desatualizado da Igreja e de toda a sociedade?

Dioceses, setores e paróquias têm suas realidades. N’algumas, os MESC são habituados a conduzir a celebração da Palavra; noutras, são mais asilos e hospitais por visitar; noutras, enfermos em suas residências; ou, celebrações da esperança ou exéquias; e noutras, todos estes serviços e outros. Razoável entender e aceitar que só algumas pessoas podem ser aptas a conduzir – e bem – todas as atribuições e outras não: importa fazer o básico e com a correção, cada qual na sua possibilidade de tempo, de predicados, com boa vontade e correção.

O MESC, afora o que é atribuição inalienável do padre, está para os demais serviços litúrgicos, se e quando necessários. MESC e outros leigos devem rezar e trabalhar para que haja mais padres. MESC deve rezar para que outros leigos ‘saibam’ e ‘façam’, ensinando-os, apoiando-os, a tal ponto que viva a se abster de realizar serviços que podem ser feitos por outros e que, pela sua formação, deve saber e fazer e faria melhor. Não sendo tal abstenção sinônimo de preguiça e omissão: pelo contrário, resulta de muito trabalho e compromisso cristão, com fidelidade, humildade e coerência.

A maior e mais importante parte do ministério se exerce nas casas, asilos, orfanatos, hospitais; em escolas, associações comunitárias, veículos de comunicação; e nos bastidores paroquiais: zelosamente, liderando com discrição e abnegação.

Quem aceita servir neste ministério deve retirar-se ou reduzir outras atividades o suficiente para conseguir dedicar-se a contento: quem se divide em vários serviços faz menos, mal feito e ou faz de conta…

O bom MESC é como o  bom bombeiro: prepara-se muito bem até ser apto a iniciar suas atividades; durante o tempo em que permanecer apto a servir, permanecerá se preparando e se aperfeiçoando; e cada vez que servir, mesmo que limitado e sujeito a erros seus e de terceiros, o fará com a entrega de todo o seu ser ao próximo, ainda que lhe custe a própria vida!

Todos os MESC são dedicados e fieis?

Há quem sequer use o uniforme completo oficial da arquidiocese (calça ou saia preta, camisa branca e o paletó padrão), por vergonha ou falta de zelo, ou, use com intenção tola de aparecer perante demais leigos: o uniforme cujo propósito é ajudar que a ênfase seja ao serviço e não ao servidor… Há quem, para as atividades anteriormente resumidas, ofereça pouco, ou, distorça o serviço em causa própria, fazendo, enrustido, a sua igrejinha, e, via fofocas, invejas, intolerâncias e intrigas, cria desculpas e simulações vis e vãs. Por exemplo, são demais os que tratam Corpus Christi e Semana Santa como feriadões para apenas viajar e fazer recesso do ministério e da Eucaristia…

Alguém consegue forjar situação que resulte em convite para o curso de formação inicial e comparece, interesseiro mas não interessado, para ter direito ao uso do uniforme e da carteira de identificação da arquidiocese. Após a investidura (uma espécie de formatura), logo ficará claro que só aparecerá em celebrações e atividades da sua conveniência pouco convergente ao Cristo (entre elas, a renovação do mandato…): não está a serviço; está a se servir, escravo de triste vaidade, obtusidade e outros sentimentos e intentos tão paupérrimos quanto…

Assim como acontece com demais grupos, na Igreja e por todo lugar, cedo ou tarde, inevitavelmente, ainda que permaneça a encenação, a pessoa será conhecida pelo que é, e não pelo que faz de conta ser (mesmo que apenas ela não perceba o vexame a que se expõe perante os MESC dedicados, o pároco e outros leigos).

Se no plano terreno isto já é algo gravíssimo, quanto mais diante d’Ele, decidindo sob Seus critérios a eternidade merecida para cada pessoa – alguém poderá discordar, mas, se é crente na Sua existência, haverá de assumir o risco…

A arquidiocese é claríssima: retirá-lo do ministério em definitivo ou pelo tempo necessário para a sua conscientização e recuperação, conforme cada caso.

Eucaristia

Onde o MESC mais aparece ou para mais pessoas é onde ele é menos necessário: no auxílio ao padre, na santa missa. Se o padre precisar de ajuda, em não havendo MESC, poderá solicitar os préstimos de acólitos ou outros leigos. É preciso rezar muito pelo MESC preguiçoso e vaidoso que se limita a fazer ‘só’ isso: tão próximo da mesa farta e tolamente faminto…

Apesar desse e de outros pecados de um MESC, pela sua mão, o Cristo vai ao coração de todo aquele que se aproximar para comungar, tendo se preparado adequadamente. A Igreja é santa e não o deixa de ser, apesar dos seus pecadores. Cristo vai a quem O quer receber e com Ele ser um só, ainda que “por uns momentos, um segundo ao menos”. A Eucaristia, “fonte e ápice de toda a vida cristã”, é perfeita e é buscada pelos imperfeitos que sinceramente vivem a lutar intensa e pacificamente para “amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, viver como Jesus viveu…”

O MESC, mais que sair por aí com Cristo à frente de seu peito, dentro da Teca (***), é providencial tê-Lo dentro do peito. E, tenha certeza, muitíssimos MESC, tanto quanto outros leigos, O tem lá dentro!

O convidado poderá ser você

Os párocos convidam e às vezes escutam uma negativa. Outros dizem sim e durante a formação inicial, o retiro ou mesmo após a investidura, solicitam sua saída. Se sentem não serem possuidores dos predicados para o exercício sério e abnegado deste serviço, fazem muito bem. Talvez, sua honestidade os aproxime mais do Cristo. E, nada impede que no futuro, se convidados novamente, sintam-se naquele momento prontos para tentar se preparar e servir.

Perdi a conta de quantas vezes alguém protestou: “Como é que Fulano (com todos aqueles defeitos…) foi convidado a fazer o curso de formação inicial?” “Como é que Beltrano (ainda pior que Fulano) é MESC?” Afora improvável exceção, todo MESC, inclusive eu, mais de vez foi e será taxado de Fulano ou Beltrano…

Melhor que julguemos menos ou nada e oremos mais: para que entre os que se disponham a convidar haja mais discernimento, e entre os que se disponham a aceitar haja mais sinceridade que falsidade, mais vontade que preguiça, mais compromisso que conformismo, mais fundamentação que superstição, mais comunidade que individualidade, mais oração que falação etc. Enfim, tudo o que se espera também de catequistas e demais leigos e clero nas diversas celebrações, pastorais e movimentos, então, nas suas vidas.

O que está no íntimo de cada pessoa Ele sabe!

Somos todos convidados a ser santos e podemos sê-lo, ainda que permaneçamos imperfeitos…

(*) A expressão “in persona Christi” quer dizer, literalmente, na pessoa de Cristo e só pode ser atribuída aos ordenados, sacerdotes e bispos, durante a consagração da Eucaristia. Não se inclui os diáconos, pois, apesar de serem ministros ordenados, não têm a característica de consagrar. Significa que quando os sacerdotes agem, eles o fazem na pessoa de Cristo, ou seja, não são eles que agem, mas Cristo. É Cristo quem age, o homem é apenas um instrumento. Quem absolve é Cristo, quem consagra é Cristo, por meio do sacerdote. O sujeito da ação é Cristo, a divina pessoa na qual céu e terra estão unidos.

(**) O Diácono recebe o sacramento da Ordem, não para o sacerdócio, mas, para o serviço – LG29 – Constituição Dogmática Lumen Gentium – Sobre a Igreja – Concílio Vaticano II. Atua nos sacramentos do Batismo e do Matrimônio.

(***) Teca é um estojo geralmente de metal, onde se leva a Comunhão Eucarística,  para pessoas que querem, mas, provisória ou permanentemente, não podem vir participar da santa missa (a primeira visita ao enfermo é feita pelo padre).

José Carlos de Oliveira

Publicado originalmente 28 de março de 2014

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