Próspero Ano Novo e Feliz Natal

Existem países nos quais celebrar e difundir o Natal é antecedido por censura, pode resultar em multa, prisão e até pena de morte; a ideologia dos governantes molda tudo a favor de seus interesses, quanta vez em nome de Deus. Ser cristão nesses lugares exige coragem e coerência com a fé e, vira e mexe, resulta em martírio.  

Temos a graça de viver num país com liberdade de expressão, inclusive, religiosa: apesar dos que tramam contra; apesar dos folgados, obtusos e oportunistas que se aproveitam para parasitar crédulos, angariar leitores, ouvintes, telespectadores, eleitores, fama e dinheiro, com demagogia e populismo separatista e fundamentalista, muitíssimo em nome de Jesus, pouquíssimo conforme Ele; apesar da secularização que dá ênfase ao material em detrimento do emocional e espiritual, com adesão de maioria que se diz, se acha ou faz de conta ser cristã…

Convém tolerar os que reduzem tudo a dormir, viajar, farrear, empanturrar, embebedar, quantos, até citando Deus e orando a Jesus, lembrando e citando-O pelo aniversário, quando em verdade a ênfase correta é o Seu nascimento, com fartura de superstição e adaptação a gosto de cada um e indigência de fundamentação, correspondendo um pouco e muito contradizendo a Ele. Palavra de comilão, além de outros erros que continuam me vencendo e por isso também O contradizendo! Convém respeitar e não se desgastar com os convictos de que mais ou só na ‘sua igreja’ estaria Jesus: as humanamente irreversíveis divisões da Igreja de Cristo, geradas por gente que não soube ou não quis conviver com harmonia na diversidade de acertos e dons, erros e defeitos, é a maior contradição de multidões que se dizem cristãs e o maior vexame que impõem ao cristianismo oferecer ao mundo! 

A redução do Natal a uma data ou feriado repete as mensagens dadas e recebidas, a ceias e passeios, até celebrações religiosas e orações, e daí, muda o ano e nada muda; de novo será Ano Novo e nele a mesma velha pessoa que mais papagaiou e empacou que realizou: o que pode não ser de todo ruim, mas, tende a desperdiçar oportunidades de desenvolvimento e contentamento – para si, para as comunidades das quais se participa e toda a sociedade.  

Cristão, judeu, muçulmano, budista, zoroastrista, hinduísta, xintoísta, umbandista, sincretista, espírita, maçom, hare krishna, moonista, taoista, jainista, confucionista, ateu, agnóstico, dentre outros: onde está alguém que é sincero, acolhe, partilha, é fraterno, abnegado e empático, ali está um testemunho equivalente ou inerente e inseparável da catolicidade ou universalidade do Plano de Deus a ser exposto para todos e não imposto a ninguém, clarificado e ratificado por Jesus; a adesão precisa brotar de livre disposição e não de imposição. Cada vez que alguém converge a tais virtudes e atitudes, e até melhora um pouquinho, então, é Natal no seu coração, na sua mente, na sua vida e tende a ser um pouco ou muito também na vida de pessoas com as quais se relaciona e, especialmente, serve. Diferenças no modo de perceber o que é terreno e crer no transcendente importam menos que a liberdade da escolha pelo amor e a harmonia que resulta!

Inserido e proposto no ano litúrgico, o Natal tem tempo de preparação, de celebração e de graça, e avança até os primeiros dias de janeiro; devidamente compreendido, não é restrito a um momento do ano civil: o Natal é um evento e, para sê-lo, depende de evoluir de omissão ou ações de mesmice para atitudes de inovação, e realizá-las com virtudes não exclusivas do cristianismo e inseparáveis dele! Quando envolve quem se diz cristão, coerente saber o que é Igreja, o que é pertença e correspondência a ela e, principalmente, à imagem ou caráter de Seu fundador (refiro a Ele e não a qualquer ele ou ela…); o que indica lidar para tê-Lo dentro do peito, pautando sentimentos, pensamentos, propósitos e hábitos, ou seja, mais que apenas tê-lo pendurado à frente do peito e citado a toda hora, e em vão, com palavras vazias, farisaicas ou hipócritas…

Se mais que apenas acreditar, você crê em Deus, ame-o (Adorar) acima de tudo e de todos, pois é pelo Seu amor que você ama e é amado por pessoas! Elogie-O (Louvar), com a humildade típica do verdadeiro crente n’Ele. Se você enfrenta dores e dificuldades, é porque permanece presenteado com o dom da vida (milhões gostariam de estar no seu lugar – vivo e com fardo mais leve em comparação com o deles…); então, clame, mas, não reclame: seja grato (Agradecer). Após estas três modalidades de oração, peça (Suplicar) à vontade, cuidando que a primeira súplica seja sempre a de que você aceite a vontade de Deus, mesmo que inicialmente não a entenda, não a note ou a recuse – com Deus a gente sempre ganha, mesmo quando perde!

Que nas suas ceias e refeições mais simples – em todos os dias – nenhum cardápio seja mais importante e festejado que as pessoas ao redor da mesa e dentro do seu coração. Que entre elas e dentro de cada qual a paz prevaleça: lembrada no primeiro dia do ano civil e tão necessária o ano todo. Valha-se de telefone, internet e redes sociais para se manter próximo de quem está distante em quilômetros. Porém, priorize, tanto quanto possível, estar junto, olho a olho com os queridos e amados, com os cuidados que a pandemia exige: esta é a tecnologia que sempre será mais avançada e necessária que Facebook, Instagram, WhatsApp… Não procrastine e não desperdice ocasiões de conversar e conviver: na vida que pode ser cada vez mais longeva, mas, teima em caracterizar-se pela brevidade de um sopro que cessa sem avisos ou sem que os percebamos ou os levemos a sério, lembre dos amados que partiram fisicamente, repentinamente, quantos precocemente, quase sempre sem despedida, levando partes de você e deixando partes deles dentro de si…

Não se esqueça dos excluídos socialmente, abandonados, solitários, enlutados, desempregados etc; nem daqueles dos quais discorda, não gosta e não gostam de você: ore por eles, ore com eles, quando possível, encontre modos de fazer algo que seja concreto e correto, e não cínico e cênico: a gente pode ser incapaz de construir a parede, porém, pode assentar uns tijolos – o que inclui, por vezes, pedir ou aceitar ajuda!…

Abundam situações e conteúdos negativos, superados, fúteis ou inúteis na mídia profissional e alternativa e por todos os setores do viver, até nas religiões de verdade e nas religiões de fachada. Assim é porque gerações e multidões se acomodam a só isso, não percebem o desperdício que impõem a si mesmas e aos seus amados, e lhes falta o apreço pelo esforço! 

Por outro lado, gerações e multidões, nem sempre com tantos holofotes sobre si, geralmente, no anonimato ou com pouco alcance, mas, não medíocres e nem insignificantes, em todos os setores do viver, fazem bem o que é bom, com apreço pelo esforço de aproveitar melhor seu tempo e suas vidas, com e por seus amados e tantos mais com os quais convivam ou possam ajudar direta e indiretamente. Temos a graça de vez ou outra tomarmos uma dose de ‘semancol’ e, então, a liberdade de fazer escolhas, nelas confiar e tentar realizar; e desfrutar! Que você e eu nos identifiquemos como contidos e descritos neste parágrafo, ou, nos esforcemos para vir a estar, crescer e permanecer, com mais acertos que erros: não só em palavras, emoções e eventuais ações durante os breves dias nos quais se dá e recebe aqueles votos; e sim durante todo o ano civil e litúrgico.

Este é meu modo de oferecer a você meus votos, com esperança de que os aceite e aproveite; ponderando, entendendo, semeando e colhendo:

Próspero Ano Novo e Feliz Natal!

Publicação original em 10 de janeiro de 2022

José Carlos de Oliveira

Obs: este artigo reitera e acrescenta ponderações postas em “Entre Ano Novo e Natal!”

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