A questão

Por lazer escrevo desde antes dos vinte anos de idade e antes dos trinta já escrevia com os propósitos atuais: igualmente se deu quanto a falar em rádio, palestras, apresentação de eventos, cursos, pregações e celebrações, e até conversas informais.

Ciente dos meus limites, com os propósitos assumidos, seus respectivos conteúdos e enfoques, por não trair valores éticos nem mesmo para bajular, falei ou escutei ‘não’ para várias oportunidades que me dariam dinheiro e visibilidade ou poder, não angariei fama e não costumo ser o mais popular nas coletividades das quais participo. Vivo em paz quanto a isso.

Porém, permaneço lutando para não cair na tentação de ‘largar os betes’ quanto ao que sempre foi e nunca mudará: a opção preferêncial pela ‘lei’ do menor ou nenhum esforço, atrelada à ‘lei de Gerson’ (levar vantagem em tudo); pela superficialidade e banalidade disfarçadas de intelectualidade; pela encenação, enganação, postergação, improvisação e superstição, em detrimento da formação, inovação e realização plena; pela predileção do individualismo e do corporativismo e seus malefícios, e não da individualidade e fraternidade e seus benefícios para cada qual e para todos.

Isso é explícito no mundo real e no mundo virtual, ainda que se costume esconder atrás das máscaras que a hipocrisia sempre se dispõe a oferecer, em títulos, homenagens e cargos ou funções nem sempre merecidos ou dignamente exercidos, em perfis falsos, em avatares (maus, conforme a intenção do usuário) e outros recursos. O ‘nós e eles’, que está por aí desde sempre, é consolidado. Diálogo, tolerância, empatia, harmonia, respeito estão apenas nos discursos dos que são avessos ou indigentes destas e outras atitudes e virtudes fundamentais para que a humanidade chegasse até aqui e conserve a esperança de futuro longevo e minimamente bom.

Por exemplo, portanto, com exceções, o populismo e a demagogia foram e serão os grandes vencedores do dia dois e do dia trinta de outubro de 2022, respectivamente. Conforme quem foi e será eleito, algumas situações serão mantidas, incrementadas ou retomadas, não necessariamente para o bem das pessoas com bom senso e de boa vontade, com um agravante: nem todos os destinatários de políticas públicas querem ou conseguem ter acesso a elas, ou, não sabem aproveitá-las devidamente – o que é desafio constante aos cidadãos e agentes públicos dignos. Enquanto grande parte dos cidadãos continuar a se comportar de modo equivalente ao comportamento que costuma condenar nos políticos partidários eleitos e seus parceiros e assessores, a cada governo, legislatura e eleição, em proporção além do razoável, nós continuaremos como o cachorro correndo atrás do próprio rabo e apontando dedos para traves ou ciscos nos olhos dos outros, jamais olhando no espelho e nem admitindo que nos apontem dedos aos nossos olhos…

Agir e fazer não são a mesma coisa e o desafio das pessoas realmente dignas e notáveis é convergi-los, a partir do seu caráter, ou seja, do que verdadeiramente são. Perante o que é injusto e desigual e o que é bom ou pode ser melhorado, a questão é: nós podemos escolher! Figurantes entre os indiferentes e os que não fazem diferença? Protagonistas entre os diferenciados? Se você está entre os que foram além de ignorar este texto, que o leram para pensar no conteúdo e não apenas pirateá-lo, invejá-lo ou desprezar quem escreveu, talvez, já seja ou venha a ser daqueles que querem ser ‘mais do que apenas mais um’. Pense, escolha, decida, faça sua parte; conte com quem puder lhe ajudar, ajude quem precisar de ajuda; caminhe junto, faça seu caminho. Em comparação consigo mesmo, quanto mais se flagrar hoje melhor que ontem, com esperança protagonista de ser amanhã melhor que hoje, mais constatará estar evoluindo e fazendo bem para si, seus amados e a sociedade, que, apesar de tudo, é boa!

Publicado originalmente em 20 de outubro de 2022

José Carlos de Oliveira

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *