“Idade avançada?”

“Prezado sr. José Carlos, com respeito, venho perguntar sobre uma situação que me deixa intrigado. Eu tenho cerca de 18 anos de carteira assinada e mais de 16 anos de experiência na área em que procuro vaga no mercado de trabalho. Este ano a empresa em que trabalhei por 9 anos fechou e fiquei desempregado. Então comecei a enviar currículos por sites, e-mails, até em mãos, cerca de oitenta currículos, porém até agora somente obtive 2 respostas para possíveis entrevistas, mas sem resultado positivo. Desta forma me leva a crer que pelo fato de minha idade ser 36 anos, o mercado me excluiu das possibilidades de uma nova colocação. Eu pergunto porque uma pessoa com mais de 35 anos, não está mais apta para o mercado ? Não é por falta de experiência… o que é então? Aguardo sua resposta. Desde já obrigado. Um desempregado.”

Léo (nome fictício), obrigado pela deferência e por permitir divulgar sua indagação. Qual seja a resposta, sua satisfação plena só virá quando estiver empregado e feliz.

Estabilidade pode ser sinônimo de comodismo, mas, nem sempre. Suponho seja você um sujeito estável, com longa permanência nos empregos, e isso é considerável: milhões mal conseguem parar meses em cada emprego, geralmente, sendo os patrões os menos culpados. Provavelmente, você falará bem dos antigos patrões e estes o recomendarão positivamente. Seu currículo corrobora a impressão inicial: “papel aceita tudo”, mas, na frieza da triagem de currículos, se não despertar a  atenção do selecionador, o candidato não será chamado à entrevista – para nela confirmar se é “aquilo tudo” mesmo, ou não.

A quantidade de e-mails que você enviou, currículos entregues em mãos, preenchidos no local etc., comparada ao retorno tido até agora, sinceramente, não é exagerada. Deveria ser, creio, porém, são tantos e cada vez mais os desempregados que, infelizmente, milhares disputam uma única vaga. Exige-se cada vez mais, oferece-se cada vez menos: é a prática da lei de oferta e procura – raramente há mais vagas (legais e aceitáveis) que candidatos. Ter feito duas entrevistas sem lograr aprovação, frustra, mas é normal: na melhor das hipóteses, você esteve diante de sérios e sensatos selecionadores e patrões e foi considerado excelente pessoa e profissional, naquele momento, inadequado às vagas. Pode ter ocorrido erro e injustiça? Por certo que sim e não vai mudar o resultado. Pior que isso é ser reprovado por falta de qualidade. Se você é a pessoa e profissional sério e capaz que afirma ser, com bom senso, com ordem e método, geralmente, deixará ótima impressão por onde passar – até diante de quem lhe diga não hoje e poderá chamá-lo no futuro.

Velho é o obsoleto, defasado, superado; pode ser qualquer pessoa, de qualquer idade – jovem até. Idoso se é quanto mais avançado em idade; e isso não é sinônimo nem garantia de ineficiência – ao contrário. Como moramos no Brasil e não no Japão, por exemplo, aqui, idoso é tratado como velho. Sua idade me lembra do questionamento a respeito do copo: meio cheio ou meio vazio? Para uns selecionadores e patrões você é velho. Para outros, você está longe de ser idoso (o que não seria/será mal visto), no auge da saúde física e, principalmente, da segurança e equilíbrio emocional, espiritual, intelectual etc. Desenvolva contatos com estes, não perca tempo com aqueles, conforme os descubra.

Sempre digo que o segredo está em eliminar a barreira invisível entre o candidato e uns dos muitos selecionadores e empregadores. Naturalmente, sem artifícios, permita que espontaneamente se lembrem de você, independentemente de você ter telefonado ou aparecido (o que é importante). Quando começarem a lembrar de você (bem e sem erro) no momento que as vagas surgirem (se surgirem – é um risco presente), suas chances iniciais serão maiores.

Já tivemos vagas para as quais você seria, em princípio, adequado. É possível convidá-lo para uma entrevista se, quando e quantas vezes surgirem vagas compatíveis às suas características, qualificações e pretensões. Conclua que estou afirmando que se você me parece ser candidato aproveitável, parecerá a outros também. Faça sua parte: corresponda às impressões iniciais, aprimore-se, divulgue-se com critérios sensatos e tenha esperança – aumente assim sua sorte. O resultado, qual será, quando e como virá ninguém sabe. Mas, se você não fizer por si, não espere que outros façam.

Tomara que algo do que lhe disse seja de valia. Agradeço se continuar lendo meus artigos por aí e se de vez em quando opinar, sugerir ou criticar.

Abraços!

José Carlos de Oliveira

Publicado originalmente em 12 de novembro de 2006

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